Eu é a palavra criadora. Vosso Eu nada mais é que a vossa consciência de Ser, silenciosa e incorpórea, que se faz sonora e corpórea. É o inaujdível que se torna audível; o invisível que se torna visível; a visão que vos permite ver o que se não vê; a audição que vos permite ouvir o que se não ouve.

Basta que penseis Eu, e um mar de pensamentos se agitará dentro de vossas cabeças. Esse mar é uma criação de vosso Eu, que é, ao mesmo tempo, o pensador e o pensamento. Se tendes pensamentos que apunhalam, que mordem ou despedaçam, ficai certos de que somente o Eu-em-vós lhes deu o punhal, os dentes ou as garras.

Basta sentirdes Eu para abrirdes uma fonte de sentimentos em vossos corações. Esta fonte é uma criação de vosso Eu, o qual é, ao mesmo tempo, aquilo que sente e aquilo que é sentido.

Pelo mero pronunciar Eu, trazeis à vida uma multidão de palavras, cada qual símbolo de uma coisa; cada coisa, símbolo de um mundo; cada mundo, parte de um universo. Esse universo é a criação de vosso Eu, o qual é, ao mesmo tempo, o criador e a criatura.

O Eu é uma fonte da qual tudo flui e à qual tudo reflui. Tal qual a fonte, assim é a correnteza.

O Eu é uma varinha mágica. Não pode, porém, a varinha fazer surgir coisa alguma que não esteja no mágico. Tal como é o mágico, assim é aquilo que a sua varinha produz.

Conforme for a vossa Consciência, assim será o vosso Eu. Conforme for o vosso Eu, assim será o vosso mundo. Se o vosso Eu for uno, vosso mundo será uno; e vós tereis a paz eterna com todas as hostes celestiais e os habitantes da Terra.

O Eu é o centro de vossa vida, de onde irradiam as coisas que constituem a totalidade de vosso mundo e para o qual elas convergem.

Alerta! Eis que o vosso mundo é firme, não há dúvida, somente, porém, na instabilidade. E o vosso mundo é certo, unicamente, na incerteza. E é constante o vosso mundo, mas tão só na inconstância. E o vosso mundo é uno, mas somente na multiplicidade.

Conquanto cada um de vós esteja centralizado em vosso Eu, estai, todos vós, concentrados em um EU - no EU único de Deus. O Eu de Deus é a única e eterna palavra de Deus. Nela está Deus - a Suprema Consciência manifestada. Sem ela, Ele seria um silêncio absoluto. Por ela é o Criador autocriado. Por ela, Aquele-que-Não-tem-Forma tomou uma multiplicidade de formas através das quais as criaturas voltam novamente a não ter forma.

Para sentir-se, para pensar-se, para falar-se, Deus não precisa mais do que pronunciar Eu. Consequentemente, Eu é a sua única palavra.Por isso essa é A Palavra.

Quando Deus diz EU, nada fica por dizer. Mundos vistos e mundos não vistos; coisas nascidas e que estão para nascer; o tempo que está passando e o tempo que ainda não passou; tudo, sem excetuar um só grão de areia, está proncunciado e incluído nessa Palavra. Por ela foram criadas todas as coisas. Por ela são todas as coisas mantidas.

A não ser que signifique algo, uma palavra não passa de um eco no vazio.

A Palavra de Deus não é um eco no vazio, nem um câncer na garganta e borbulhas na língua, a não ser para aqueles que não possuem a Compreensão; pois a Compreensão é o Espírito Santo que vivifica a Palavra e a liga à Consciência; é a viga mestra do Eterno equilíbrio da balança, cujas duas conchas são a Consciência Original e a Palavra.

A Consciência Original - a Palavra - o Espírito de Compreensão; eis a Triunidade do Ser, os três que são um, o um que é três. O homem lhe dá o nome de Deus, mas é extraordinariamente prodigioso, para que se lhe dê um nome. Não obstante, sagrado é o seu nome e santa é a lingua que o conserva sagrado.

Pois bem, que é o Homem senão a prole deste Deus? Pode ser ele diferente de Deus?

Também o Homem é, pois, uma triunidade sagrada; uma consciência, uma palavra e uma compreensão. Também o Homem é um criador como o seu Deus. O seu Eu é a sua criatura. Por que não é ele equilibrado como o seu Deus?
Mais uma vez vos digo, orai pedindo Compreensão. Quando a Sagrada Compreensão penetrar em vossos corações, nada haverá na imensidade de Deus que não vibre, para vós, uma alegre resposta, todas vezes que pronunciardes Eu.
Mirdad


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Trechos compilados da obra de Mikhaïl Naimy, O Livro de Mirdad (São Paulo: Lectorium Rosicrucianum, 1982). Trad. do original inglês, publicado em 1954 por N. M. Tripathi, Bombay, Índia.

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